O rock in Santos

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O rock sempre fez parte da cultura musical de Santos, e não é de hoje que amigos se reúnem e criam uma banda, seja ela por hobby ou profissionalmente. O que acontece aos finais de semana nas casas de shows da Cidade evidencia um movimento enfervecente, com vários jovens chegando com seus instrumentos para se apresentar. Ao subir a escada, as bandas de rock esperam sua vez no fundo do salão, enquanto os grupos mais novos se apresentam. Os frequentadores são mais alternativos, indo aos shows para ouvir o que as bandas mais novas têm a apresentar.

Grande parte dessas bandas começam tocando versões de músicas famosas em suas apresentações. Após se estabelecer, abrem os shows de grupos mais conhecidos em casas maiores, como a Capital Disco. O estudante Raul Bonfim Leal, de 19 anos, frequenta as apresentações há cinco anos e diz que as bandas mais novas não atraem tanta atenção. “A maioria das pessoas que vão nesses shows querem ver as bandas principais”, afirma.

Depois de conseguir um nome, as composições próprias começam a substituir esses covers, chamando a atenção do público. Foi assim que a banda Zimbra conseguiu se destacar nos shows de abertura de grupos mais famosos em Santos. O vocalista Rafael Azevedo Silva Costa, de 21 anos, ressalta a principal dificuldade de grande parte destes grupos. “É uma cena musical fortíssima. Há grandes talentos aqui, porém a oportunidade é mínima. Hoje em dia, há uma grande inversão de papéis, não só em Santos, no Brasil inteiro, aonde as bandas têm que promover os seus shows”, explicou.


Outra banda que se destaca é a Music Box, que já começou a fazer shows pelo Brasil, tocando até em lugares mais distantes, como Chapecó, em Santa Catarina. A vocalista Carolina Alves Germano explicou que os grupos têm se reunido no Facebook para discutir o rock na Baixada Santista. “Alguns músicos do cenário de música própria têm se juntado para tentar voltar uma cena mais forte, porque isso está meio perdido, as bandas estão desmotivadas em criar seus próprios trabalhos”.

Produtor musical e guitarrista da Garage Fuzz, criada em 1991, Nando Basseto vê a cena musical como algo promissor, e também destacou que a mentalidade de fazer música apenas para fazer sucesso está morrendo. “Ainda continua aparecendo muita banda legal por aqui, e o quanto mais vai morrendo aquele raciocínio, que hoje se mostra péssimo, de 'vamos fazer um som pra estourar'. Surgem mais coisas interessantes ainda”, disse.


O dono do site Cena da Baixada, que faz a divulgação do trabalho das bandas da Baixada Santista, Rodrigo Dantas Monteiro acredita que Santos tem uma tradição muito boa de bandas. “Desde a origem do rock com a Blow Up, a primeira banda de death metal do Brasil, a Vulcano, o Garage Fuzz, que talvez seja uma das mais importantes, o Charlie Brown Jr., a Psychic Possesor, que tinha o Boka, do Ratos de Porão e o Fabricio do Garage Fuzz”.

Matéria públicada na edição de junho de 2013, do Jornal Entrevista. Fotos: Divulgação
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